quarta-feira, 17 de março de 2010




Sentado na cadeira desenho o seu rosto envolto em pensamentos.
Embalado pelos sons da vazia noite, vejo seus olhos refletidos em estrelas.
Breguiçes; apenas palavras, que lhe escrive essa noite.

Sons de um mesmo vocabulário, esquecido, envolto em parafina, guaradado no tempo.

Sento na cama ao seu lado e minhas mãos procuram afagar seus cabelos, desenho com a ponta dos dedos a sua boca.

Ensaio algumas vezes um beijo mais ousado, refletindo desejos, mas aos poucos somente o beijo carinhoso de boa noite!

Sono profundo
ono profundo s
no profundo so
o profundo sono
profundo sono...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Soledad


A solidão bateu. Nessa casa antes ninho, agora somente os retratos da lembrança, que insiste em ver as mesmas fotografias sobre os moveis, os mesmo quadros pendurados na esperança do retorno: um fino prego que insiste deixar em pé aquilo que aparentemente ainda está ali, mas já se foi.
Ainda vejo na xícara de café o reflexo do seu sorriso. Nos cantos, a poeira se acumula, refletindo também o vazio e desleixo que se instalaram dentro de meu coração. Folheio os livros na esperança de uma palavra, que me explique que me ajude a encarar o definitivo. Olhos atentos, folhas e mais folhas e me deparo com ela, ali, tão vazia, quase sem um significado tangível: solidão.

Depois de ler a palavra fui procurar na solitária internet alguns significados, encontrei um que no grande vazio da palavra, lhe parecia perfeito: ‘Solidão é quando o coração, se não está vazio, sobra lugar nele que não acaba mais. ’(Antonio Maria).
Sentia esse vazio que não acabava mais, a noite agora inimiga, trazia com a escuridão os pensamentos mentirosos, que querem amenizar a dor, fazem imaginar uma realidade que não acontecerá. Noto que quanto mais tristes ficamos, mais ignoramos os recados que a nossa mente nos dá, dizendo que ainda é possível. Somos tão negativos nessas horas que parece que nada tem solução. Sinto ai a sombra da solidão, sombra vazia, gelada, que escurece os pensamentos.

O tempo vai passando e essa sombra quase toma conta de mim, do meu ser e da minha luz. Mas aos poucos novas cores aparecem, novos tons, novas amostras de um mesmo cotidiano, os quadros já não machucam mais. As paredes agora têm um novo reflexo, reflexo de um dia a mais pra ser feliz, uma cor pra superação. Uma brisa areja a alma e a cabeça sarou.

Na varanda, me flagrei pensando no passado, mas ele já não é a mesma figura que me atormentava, hoje é uma simples prova de que com tudo se aprende e se cresce. E lá no passado, no cantinho junto com a poeira, estava ela, vazia em seu canto a Solidão.